Meu pai gostava de dançar o baião.
Assim que a música começava, sempre Luiz Gonzaga, ele
se levantava e me estendia a mão, em convite.
Embora eu já soubesse de cor todas as instruções, ouvia com alegria
"por farta d'água perdi meu gado, morreu de sede meu alazão"...
A saudade não tem ritmo.Assim que a música começava, sempre Luiz Gonzaga, ele
se levantava e me estendia a mão, em convite.
Embora eu já soubesse de cor todas as instruções, ouvia com alegria
enquanto dançava: "arrastando os pés, vamos lá".
Ele cantava baixinho, acompanhando o cantor, e muitas vezes eu fui
a testemunha daqueles olhos marejados..."por farta d'água perdi meu gado, morreu de sede meu alazão"...
Penso que ele está lá, cantando enquanto me vê:
"...então eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração..."