28 abril, 2015

Baião

Meu pai gostava de dançar o baião.
Assim que a música começava, sempre Luiz Gonzaga, ele
se levantava e me estendia a mão, em convite.
Embora eu já soubesse de cor todas as instruções, ouvia com alegria
enquanto dançava: "arrastando os pés, vamos lá".
Ele cantava baixinho, acompanhando o cantor, e muitas vezes eu fui
a testemunha daqueles olhos marejados...
"por farta d'água perdi meu gado, morreu de sede meu alazão"...
A saudade não tem ritmo.
É impossível acompanha-la, ou se alegrar com ela.
E hoje, sem meu par, deixei de dançar o baião.
Penso que ele está lá, cantando enquanto me vê:

"...então eu disse, adeus Rosinha

Guarda contigo meu coração..."

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